Mês: novembro 2019

Diário 14: História da Vocação da Irmã Arlete

Com a idade de 08 anos fiz a Primeira Comunhão. A partir daí comecei a cultivar em mim o desejo de uma vida totalmente voltada à oração. Morávamos bem no interior, o padre vinha uma vez por mês para celebrar a Missa. Não conhecia nenhuma congregação, mas cultivei este desejo passando horas a fio pensando como realizá-lo, à noite perdia o sono e rezava muito e a imaginação dava continuidade à minha oração e assim adormecia. Quando aprendi a ler, peguei o livro de oração da mãe, encontrei a Via Sacra, comecei então a rezar, levava 14 dias pois rezava uma estação por dia, quase decorava, não sabia que era a Via Sacra, mas à medida que ia lendo fazia muitas perguntas e a mãe pacientemente ia respondendo e explicando tudo enquanto fazia comida ou remendava nossas roupas, foi a melhor catequese que tive. A família é a mais bela e melhor escola. Os grandes ideais que nos acompanham na vida, tem sua origem na família.
Morávamos em Barreiros à 7k de Bom Retiro SC e em 1952 nossa família mudou-se para Francisco Beltrão PR. Foi aí que vi Irmãs que davam catequese e não pude participar porque já tinha feito. Com presença das Irmãs senti meu sonho quase realizado, meus pais se opuseram. Nunca tive oportunidade de conversar com elas, pois nos mudamos para Salgado Filho 70k de distância. Lá tínhamos Missa de vez enquando nem era todo mês. Minha mãe não se acostumou no local e queria voltar para SC.

Rezávamos o terço todas as noites, eu recorri para Nossa Senhora, e após o terço em família eu rezava mais um dirigido diretamente a NS de Fátima pedindo duas coisas: o retorno à SC e a realização do meu sonho. Após 5 anos, fomos morar em São José do Serrito SC, perto de Lages. Quando meus iam para a cidade eu pedia para verem se tinha lugar para mim no colégio das Irmãs e sempre voltavam dizendo que não tinha. Certo dia a mãe me contou que nem no colégio eles iam. Dia 20 de janeiro de 1958 o pai falou que dia 11 de fevereiro ele iria à Lages para ver se conseguia vender o milho que colheu, iria com D. Tereza de carona. Não perdi tempo, procurei num baú, peguei minha certidão de nascimento e outros documentos que tinham o meu nome e arrumei duas mudas de roupa pois éramos bastante pobres. Na hora da saída eu disse: pai eu vou junto, e ele não me impediu. Pedi para D. Tereza para ir na casa das Irmãs. Ela me levou no Colégio Santa Rosa/Lages. Foi a primeira vez que me vi frente a frente com uma Irmã. A Irmã superiora Otônia me recebeu e ali mesmo, foi logo dizendo não podia me aceitar, pois, no pensionato não havia mais vaga, e eu dizia: eu durmo até no chão em qualquer lugar, mas eu quero ficar Irmã, nisto chaga a Irmã Otilde e diz Irmã Superiora se Deus chamou a senhora também tem que aceitar. Eu pensei comigo: ‘ninguém me chamou, estou aqui porque eu quero’. Ainda não entendia do chamado à vocação. Foi a minha salvação. Mas quando a Ir. Otônia se despediu do pai ela disse para ele vir me buscar no outro dia e eu escutei, ao me despedir do pai eu disse, se ele quisesse me visitar depois de um mês. Me acostumei logo, alias desde o primeiro dia já me sentia em casa, apesar de ‘chucrinha’, nunca tinha saído de casa. Fui trabalhar com Irmã Otilde que tinha escutado a conversa com Irmã Superiora; me aconselhou muito e me ajudou mais ainda.

Com o primeiro passo dado as resistências em casa aumentaram quando ia de férias, a volta era sempre um drama especialmente por parte da minha irmã mais velha com promeças e ameaças. Fiquei dois anos em Lages, um só trabalhando e outro trabalhando e estudando conclui o 4º ano primário. Tinha uma professora Valdete, muito querida por todos, e escrevi uma frase que ela pronunciou e que a levo quase como um lema de vida: “O QUE MERECE SER FIETO, MERECE SER BEM FEITO”.
Aos Domingos eu tinha folga, então ia para a Catedral e participava de todas as missas do período da manhã, pois o harmônio só funcionava com a ajuda do cata-vento e este era manual. A Irmã Albina era a organista e ficava muito contente pois assim ela não precisava ficar procurando alguém voluntário em cada missa pois ela também tocava em todas as missas.

Irmã Arlene (Carlina Bruder)

Diário 13: Depoimento de uma postulante

Minha gratidão a Deus porque me escolheu e me capacita para uma grande missão!

Começo o meu diário falando um pouco sobre mim. Sou Marceliane Andrade Marques, tenho 21 anos e sou a primeira filha de seis irmãos. Nasci na região de Santarém-PA, mas fui criada na cidade de Juruti-PA, onde minha família reside. Atualmente, moro em Curitiba na comunidade do postulado latino-americano e Moçambique, pois sou Postulante das Irmãs da Divina Providência.

Moro com as Irmãs há 2 anos e 8 meses e aqui, nesse diário, partilho um pouco do que é ser postulante e um pouco da minha história vocacional.
Entrei no postulado há seis meses, no dia 25 de março deste ano. Para mim, este é um tempo para crescer no conhecimento da pessoa de Jesus Cristo e cultivar um relacionamento pessoal com Ele. É uma etapa em que me preparo para dar início à vida religiosa

Continuo desejosa e convicta de que quero seguir a vida religiosa como Irmã da Divina Providência!

Costumo dizer que a minha vocação está sendo lapidada. Deu-se início aos 13 anos, a partir de um encontro vocacional promovido na comunidade onde eu participava, e, desde aquele dia, um desejo imenso de servir a Deus cresceu em meu coração. Mesmo assim fiz a experiência de namoro, festas e trabalho. Tinha sonhos de concluir o Ensino Médio e começar logo a faculdade, então fui em busca de meus sonhos em outra cidade.

Dois anos antes de concluir o Ensino Médio, ao participar de um retiro, conheci Irmã Valmi. O jeito dela me encantou, e confesso que reavivou uma chama em meu coração, porém tinha medo e tentei escapar. Foi então que Deus novamente usou outro meio de chegar até mim. Por meio das redes sociais enviou Irmã Márcia, também da Divina Providência. As duas me acompanharam e me motivaram a uma resposta livre e corajosa ao convite de Deus.

Desde que conheci a Congregação, o que mais me encanta no Carisma das IDP é essa imensa confiança e fé no Deus Providente, o abandonar-se nas mãos Dele e deixar que Ele aja em nossa vida, nas dificuldades e conquistas, nas tristezas e alegrias… Me anima e ajuda em minha vocação ter a possibilidade, desde agora, de conhecer e viver desse carisma e espiritualidade em vários contextos da vida e missão e, principalmente, nos locais onde sou engajada. Somos testemunhas da Esperança do amor de Deus Providência!

Não é tarefa fácil deixar que Deus cumpra sua obras em minha vida. Contudo, não estou sozinha. Reconheço e agradeço às diversas ajudas e apoio que tenho, de modo especial à minha família que, mesmo distante fisicamente, está sempre ligada a mim… Aos meus amigos, às Irmãs da Congregação, as de perto e de longe, à minha comunidade formadora e, de modo particular, à minha formadora, Irmã Rita Maria, que desempenha um papel importante nesta etapa da minha formação.

Marceliane Andrade Marques

Diário 12: vocação de Irmã Roseldis Kuhn

Um Diário de minha Vocação

Sou Irmã Roseldis Kuhn, há 61 anos Irmã da Divina Providência. Tenho, nesta história, uma vida vocacional marcada pela Providência de Deus. Vou contar um fato do início deste caminho.

Minha família é do interior de Nova Petrópolis, precisamente da Comunidade de Pinhal Alto. Com meus pais e irmãos, vivi feliz os anos da minha infância e adolescência. Nossa família, além de viver a fé cristã intensamente em casa, estava muito envolvida na Comunidade da Igreja Local. “É a nossa Igreja”, se dizia. Foi também neste envolvimento comunitário, que despertou em mim a vontade de ser Irmã, mesmo sem nunca ter visto ou conhecido uma Irmã Religiosa. Eu estava com os meus 14 anos de idade, quando uma colega de aula foi com as Irmãs Bernardinas Franciscanas, em Camaquã, e eu queria ir com ela. Externei para meu pai o desejo de ir estudar para ser Irmã e de ir com a Maria, minha colega. A resposta do pai foi: “Tu podes ser Irmã, sim, mas tens 14 anos, quem sabe, fica mais um ano em casa! És ainda nova!” Acolhi o conselho do pai e esperei, para seguir, no ano seguinte, com a minha colega. Aquele ano de espera tornou-se para mim um ano especial: nele eu reconheço o 1º sinal da Providência de Deus em minha vida vocacional. Foi assim:

Parece que Deus gostou da ideia de meu pai e a Divina Providência se aproveitou do momento, entrando no meu caminho, dando-me a oportunidade de conhecer as Irmãs da Divina Providência. Num dia desses, recebi uma carta de uma Irmã da Divina Providência de Arroio do Meio, da Ir. Afonsina Hansen. Ela chegou a saber que eu queria ser Irmã; escreveu-me uma carta muito bonita, parecia ser uma carta caída do céu. Esta me indicou o caminho de me encontrar e conhecer as Irmãs da Divina Providência, na Beneficência Portuguesa de Porto Alegre. Minha mãe e eu, com um guia, fomos para a Grande Cidade – POA. Aí sim! Vendo a alegria das irmãs, o jeito e a missão delas, o caminho estava aberto para tornar-me, também um dia, Irmã da Divina Providência. Com 15 anos de idade, rumei para Arroio do Meio, onde iniciei o caminho que a Providência de Deus havia pensado para mim.

Aos 20 anos, o sonho se tornou realidade, ingressei na Congregação. Posso dizer que minha vida, comprometida com o Carisma das Irmãs da Divina Providência, foi e está sendo uma vida feliz, onde busco ser Sinal da Providência de Deus.

E você, que leu este meu Diário, seja também Sinal da Providência de Deus!

Irmã Roseldis Kuhn