Mês: setembro 2019

Diário 06: história Vocacional da Irmã Cunigunde

O primeiro CHAMADO da Providência se dá em qualquer lugar, a qualquer momento.

Meu chamado aconteceu quando eu estava capinando num canavial, junto de meus irmãos. Falei para eles: “eu também vou ser Irmã”. Não acreditaram. Eu tinha 19 anos e apenas havia frequentado o 4º ano do primário. Então, fui em busca de estudo e trabalho.

Após cinco anos, ingressei no Aspirantado em Arroio do Meio, Rio Grande do Sul. Lá, concluí o curso de Magistério. Incentivada pela Ir. Inês Pretto, que nos acompanhava, ingressei no Postulado junto a cinco colegas, em Teresópolis, Porto Alegre, no dia 12 de fevereiro, dia de carnaval. Uma frase dita pelo presidente da Celebração me marcou: “Fé em Deus e pé na tábua!”. Este foi um ano muito significativo de convivência com várias Irmãs e com a querida formadora Ir. Lúcia Spohr, de saudosa memória.

Terminado o Postulado, ingressei no Noviciado, que foram anos de muitos desafios, sob a orientação da Mestra Luiza Betti. Período para uma maior integração da personalidade em todas as suas dimensões. Em meio às muitas fragilidades, a presença da Providência sempre foi mais forte que meus limites. No dia 17 de agosto de 1986, em minha comunidade de origem Arroio Grande/Arroio do Meio, fiz minha Consagração definitiva, junto à Celebração das Bodas de Diamante dos meus pais.

Por longos anos, minha missão foi na educação, geralmente com crianças da zona rural ou periferia, tendo sempre como objetivo proporcionar um ambiente acolhedor e cultivar valores humanos e cristãos. Depois, a Coordenação Provincial me solicitou a ida para a missão no Nordeste, espaço de extrema pobreza. Foi um grande desafio, mas depois de um tempo de adaptação, encarei, de corpo e alma, essa missão, com intensa dedicação para inovação da catequese, na dimensão catecumenal, em âmbito diocesano.

Os problemas de saúde me obrigaram a retornar, mas após restabelecida, recebi o envio para
nossa Missão no Paraguai. Ali estou no quinto ano, assumindo o que está ao meu alcance, na
certeza que a Providência nunca falha.

As experiências da Providência, que mais intensamente senti, foram em relação à doença. Percebi, com muita clareza, a força da presença divina. A última foi a nível pessoal, quando estava voltando de um espaço de missão que era muito do meu agrado pelo envolvimento do povo. Lá, os recursos de medicina eram muito limitados, então fui solicitada para retornar e no dia seguinte estive na eminência da
cegueira. Graças à Providência, retornei e obtive um pronto atendimento e com o carinho, o cuidado e a dedicação de coirmãs e do médico, foi possível reverter o problema e assim posso continuar colaborando na construção do Reino, lá onde a Providência me enviou.

Sou muito grata à Congregação por tudo que tenho, sou e recebo. Há lindíssimos gestos de partilha e doação em favor da vida. Como dizia nosso Fundador: “Onde Deus encontra um recipiente vazio, preenche-o com os mais valiosos dons”. E como ele, também sou grande admiradora da natureza. Oxalá chegue a sua virtude de contemplá-la cada vez mais, como diz uma estrofe do Hino composto por Eduardo: “na flor, nas verdes campinas, agraciavas o nosso Criador”.

 

Irmã Cunigunde

Diário 05: experiência missionária da Irmã Martha Dibibay

EXPERIÊNCIA MISSIONÁRIA… “escola de vida! ”


Digo “graça”, pois, realmente, são tantas as realidades que me levam a agradecer e reconhecer as maravilhas que o Senhor faz e realizou ao longo desta caminhada.
Em primeiro lugar, destaco a presença amorosa de Deus que nos acompanhou. …vivemos com intensidade os dias da missão na paróquia de São Pedro junto com os padres e lideranças. Com a força do Espírito, junto a todas as irmãs Junioristas, fomos enviadas em missão nas comunidades de Novo Triunfo. Missão não escolhida, mas que Deus tinha preparado para nós!

Encontrando as famílias em suas casas simples e humildes e escutando as pessoas com suas histórias de luta, percebemos os desafios desta realidade. É um povo que sofre, resiste às ameaças e aguenta tantas coisas, mas ainda assim é feliz!

As políticas públicas pouco oferecem para uma vida digna. Muita carência em nível de educação e de saúde.  As maiorias dos jovens procuram sair desta realidade para encontrar, nas cidades vizinhas, estudo e trabalho em vista de um possível futuro melhor. As distâncias entre uma comunidade e outras são enormes e, em épocas de chuva, as estradas são quase intransitáveis.

Contudo, apesar de tantas dificuldades, percebemos a tamanha fé deste povo que resiste, que não desanima, nem se resigna; mas, sim, luta e se esforça para encontrar saídas, vivendo em harmonia com a criação e no respeito ao meio ambiente e às suas riquezas naturais.
Como grupo, somos hospedadas nas casas das famílias, que colocaram suas casas à nossa disposição. Com elas, convivemos momentos bonitos, partilhamos as alegrias e as dificuldades, escutamos histórias sofridas, rezamos juntos, experimentando que o amor une e que o “Reino já está no meio de nós”!
Mais uma vez, constatamos que este tipo de “missão” se torna para quem é aberto “uma escola de vida”, um aprendizado… O dia a dia com seu ritmo, seus imprevistos, seus apelos e, às vezes suas fadigas e limites nos fazem experimentar a alegria que Deus concede àquele que põe Nele a sua esperança. O amor misericordioso de Deus, ao longo da experiência missionária, é sempre um momento de graça especial permitindo-nos vivenciar e saborear a profundidade do mistério de um Deus que nasce na palha e experimenta a exclusão. E que a verdadeira alegria não vem das coisas, mas sim de Deus que de “rico se fez pobre”.
Agradeço pelos apelos experimentados, pela convivência com aquele povo que tanto me ajudou, agradeço pela caminhada feita em equipe e no intercâmbio dos dons pessoais junto às irmãs Junioristas e à comunidade local e, como Maria, “guardo em meu coração todas estas coisas”, louvando e bendizendo ao Senhor.

Ir. Martha Racua Dibibay.

Confira fotos da missão na Bahia

 

Irmã Martha Dibibay

Diário 04: história Vocacional da Irmã Cassia Ramirez

Confia no Deus providente sempre minha filha!

Com essa frase, que escutei de uma senhora da comunidade eclesial, inicio meu diário. Sou a Ir. Cassia Ramirez, tenho 29 anos, moro na comunidade do Noviciado Elizabeth Sarkamp e sou noviça das Irmãs da Divina Providência. Nasci em Rondonópolis, Mato Grosso e moro com as Irmãs a dois anos e meio. Neste diário, gostaria de partilhar o que é ser uma jovem que busca seguir o chamado de Deus, como Noviça.

Quando tive o primeiro contato com as Irmãs da Divina Providência, o que mais me tocou foi a alegria delas. Confesso que eu estava em busca desta alegria, de preencher um vazio que estava sentindo e queria sentir essa alegria também, a alegria que elas expressavam em seu jeito de ser. Chamou-me atenção também o jeito simples de ser, e o cuidado com o próximo, principalmente, aos mais pobres, aquele olhar carregado de amor que eu vi quando elas olhavam para eles.

O mais me toca no carisma da Congregação é a confiança! Confiar que Deus tudo fará e que podemos nos abandonar nas mãos de Deus Providência e sentirmo-nos amadas por Deus. Neste sentido, ser noviças das Irmãs da Divina Providência é amar a Deus e deixar que Ele nos ame a cada dia, é viver o evangelho, é estar aberta a vontade de Deus e ser enviada em missão, sendo simples, alegre e confiante Nele.
Deus colocou pessoas incríveis em meu caminho, durante toda minha vida. Elas são um sinal da Providência, de forma especial, minha família e nesse momento as Irmãs que me acompanham no meu processo de formação. Por onde passo, até mesmo nas visitas do morro, sou um Sinal da Providência para aquelas pessoas que tem sede de Deus. Quero assim, compartilhar uma pequena oração que expressa isso:

“Minha essência Senhor, é exalar teu cheiro por onde eu passar e por onde tu me enviares. Que eu possa levar teu amor, teu cuidado, e a fé para aquelas pessoas que mais necessitam de Ti. Renova Senhor, a cada dia, o meu desejo de ir além, leva-me ao onde as pessoas necessitam de Tua palavra, de um olhar de amor e de cuidado! Estou aqui para fazer a tua Santa vontade! Que teu querer seja o meu querer. Amém!

 

Irmã Cassia Ramires