Diário 06: história Vocacional da Irmã Cunigunde
O primeiro CHAMADO da Providência se dá em qualquer lugar, a qualquer momento.
Meu chamado aconteceu quando eu estava capinando num canavial, junto de meus irmãos. Falei para eles: “eu também vou ser Irmã”. Não acreditaram. Eu tinha 19 anos e apenas havia frequentado o 4º ano do primário. Então, fui em busca de estudo e trabalho.
Após cinco anos, ingressei no Aspirantado em Arroio do Meio, Rio Grande do Sul. Lá, concluí o curso de Magistério. Incentivada pela Ir. Inês Pretto, que nos acompanhava, ingressei no Postulado junto a cinco colegas, em Teresópolis, Porto Alegre, no dia 12 de fevereiro, dia de carnaval. Uma frase dita pelo presidente da Celebração me marcou: “Fé em Deus e pé na tábua!”. Este foi um ano muito significativo de convivência com várias Irmãs e com a querida formadora Ir. Lúcia Spohr, de saudosa memória.
Terminado o Postulado, ingressei no Noviciado, que foram anos de muitos desafios, sob a orientação da Mestra Luiza Betti. Período para uma maior integração da personalidade em todas as suas dimensões. Em meio às muitas fragilidades, a presença da Providência sempre foi mais forte que meus limites. No dia 17 de agosto de 1986, em minha comunidade de origem Arroio Grande/Arroio do Meio, fiz minha Consagração definitiva, junto à Celebração das Bodas de Diamante dos meus pais.
Por longos anos, minha missão foi na educação, geralmente com crianças da zona rural ou periferia, tendo sempre como objetivo proporcionar um ambiente acolhedor e cultivar valores humanos e cristãos. Depois, a Coordenação Provincial me solicitou a ida para a missão no Nordeste, espaço de extrema pobreza. Foi um grande desafio, mas depois de um tempo de adaptação, encarei, de corpo e alma, essa missão, com intensa dedicação para inovação da catequese, na dimensão catecumenal, em âmbito diocesano.
Os problemas de saúde me obrigaram a retornar, mas após restabelecida, recebi o envio para
nossa Missão no Paraguai. Ali estou no quinto ano, assumindo o que está ao meu alcance, na
certeza que a Providência nunca falha.
As experiências da Providência, que mais intensamente senti, foram em relação à doença. Percebi, com muita clareza, a força da presença divina. A última foi a nível pessoal, quando estava voltando de um espaço de missão que era muito do meu agrado pelo envolvimento do povo. Lá, os recursos de medicina eram muito limitados, então fui solicitada para retornar e no dia seguinte estive na eminência da
cegueira. Graças à Providência, retornei e obtive um pronto atendimento e com o carinho, o cuidado e a dedicação de coirmãs e do médico, foi possível reverter o problema e assim posso continuar colaborando na construção do Reino, lá onde a Providência me enviou.
Sou muito grata à Congregação por tudo que tenho, sou e recebo. Há lindíssimos gestos de partilha e doação em favor da vida. Como dizia nosso Fundador: “Onde Deus encontra um recipiente vazio, preenche-o com os mais valiosos dons”. E como ele, também sou grande admiradora da natureza. Oxalá chegue a sua virtude de contemplá-la cada vez mais, como diz uma estrofe do Hino composto por Eduardo: “na flor, nas verdes campinas, agraciavas o nosso Criador”.
Irmã Cunigunde