Diário de Ir. Eliete kons

Minha história é de muito amor, entrega, descobertas e desafios!

Minha frase força é: “Tudo posso Naquele que me fortalece”. Filipenses 4, 13

Agosto é o mês das vocações e uma forma que podemos contribuir é dando o nosso sim todos os dias e rezando pelas vocações. Sou Irmã Eliete Maria Kons, filha de Irineu José Kons e Filomena Will Kons. Sou natural do bairro Potecas – na grande Florianópolis. Pois então: Fui convidada para falar um pouco da minha vocação, a qual estou celebrando 25 anos de Vida Religiosa Consagrada. Toda história tem um começo, a minha não foi diferente. Desde pequena fui muito incentivada a oração. Todas as noites rezávamos o terço e nas refeições agradecíamos o alimento.

Minha família costumava receber a visita de um casal muito piedoso, que me chamavam muito à atenção, especialmente pelo jeito como eles rezavam. Então pensava comigo: quando eu crescer quero ser assim. Hoje percebo que minha vocação já era alimentada desde criança e que precisava de uma resposta constante através das pequenas coisas que eu realizava. E assim, ela foi se desenvolvendo ao longo dos anos. Quando adolescente minha participação na comunidade não era tão frequente, pois nem sempre podíamos participar da missa, devido a distancia da capela e também porque alguém precisava ficar em casa para cuidar dos irmãos menores. Então nos revessávamos em família. Como só tínhamos missa na comunidade uma vez por mês, ir à missa era nosso divertimento e nosso lazer. Quando não podíamos participar, ouvíamos pelo rádio e eu ficava encantada com as músicas e a mensagem do Padre. Pensava comigo, como deveria ser importante a participar da missa, pois, minha mãe parava tudo para ouvir. Assim fui aprendendo que com as coisas de Deus não se brinca.

Minha mãe me ensinou a cultivar uma vida de muita oração, a qual considero muito importante para o meu despertar vocacional. Desde criança também gostava muita da música. Meu sonho era ser cantora, cantar cantos da igreja. Lembro de quando recebi meu primeiro violão. Que alegria! Mas como aprender a tocar? Uma vez que morávamos no interior, não tinha alguém que pudesse me ensinar. Então quando ia nas missas levava uma folha e anotava as posições que os músicos tocavam e assim com meu esforço fui aprendendo. Também gostava de ouvir as músicas no rádio e tentava tirar no violão até dar certo. Levei um bom tempo para aprender em especial para tocar na igreja que era meu sonho.

Na congregação da Irmãs da Divina Providência é que tive a oportunidade de aprofundar esse dom e hoje, graças a Deus, posso dizer que fazem muitos anos que toco na igreja com muita alegria. Mas a descoberta vocacional mesmo, aconteceu quando estava saindo da adolescência e entrando na juventude. Eu me encontrava nos degraus do salão paroquial da Paróquia Nossa Senhora do Carmo em Caqueiros Grande Florianópolis, quando uma senhora muito sorridente, hoje em memória, Dona Dulce Pedroso, se aproximou de mim e disse perceber uma necessidade em meus olhos e perguntou se gostaria de participar do estudo bíblico que iria iniciar com o método de Santo Inácio Laranhaga. Eu em minha simplicidade disse que sim. Só precisava conversar com minha patroa D. Lurdes e seu Fernando Boing os quais muito colaboraram para que eu pudesse iniciar essa nova caminhada. E a partir desse dia minha vida, meus planos passaram a mudar!

Nesse grupo de oração, fui convidada para um retiro com o grupo de jovens da Paróquia. Nesse retiro, através de um relax conduzido pelo coordenador do grupo, senti que Deus me chamava para algo a mais do que vinha realizando. Tinha o desejo de ajudar e tornar Jesus mais conhecido e amado. Mas não sabia como fazer. Foi quando a partir daí, duas leigas consagradas Dona Dulce e Dona Nelsi se ofereceram a iniciar um processo de acompanhamento vocacional comigo. Me apresentaram às Irmãs, onde iniciei a formação e minha alfabetização, a qual não tive oportunidade quando criança, devido a distância da escola. Em poucos meses passei a morar com as Irmãs.  Quanta alegria eu sentia. Adorava ouvir as Irmãs de manhã, bem cedo, quando rezavam a liturgia das horas. Pensava comigo, um dia vou poder rezar essa oração com as Irmãs também.

Precisei de um tempo maior na formação devido às etapas que precisava vencer no estudo acadêmico ao qual fui me preparando para o magistério e a Pedagogia que tanto almejava. Muitas dificuldades encontrei, principalmente por ter sido um processo de estudo supletivo desde as series inicias até o 8º ano, onde precisava fazer as descobertas sozinha nas disciplinas. Me faltava a base das series iniciais e a convivência em sala de aula. Mas aos poucos fui vencendo, uma etapa de cada vez, tanto na formação religiosa como na acadêmica, pois Deus Providência nunca me abandonou e as Irmãs e minha família sempre me incentivaram a lutar pelos estudos. Fui aprendendo que seguir a vocação para a Vida Consagrada não era tão simples assim. Surgiam questionamentos, mas ao mesmo tempo, tinha convicção de que era preciso se lançar.

Muitas pessoas passaram pelo meu caminho ao longo desses 25 anos de Vida Consagrada, minha família, as Irmãs da Divina Providencia, Sacerdotes, Vocacionadas, Seminaristas, Leigos, Leigas por onde atuei e atuo na missão principalmente na área da educação, onde cada uma/um marcou minha história de alguma forma através do testemunho e da presença. Destaco a graça que Deus me deu de conhecer a Obra Pontifícia da Infância e Adolescência Missionária a qual faço parte a 10 anos ajudando crianças e adolescentes a conhecerem Jesus mais de perto, proporcionando com que meu sonho vocacional se tornasse uma realidade.

Com tudo também, a vida nos surpreende muitas vezes. Ao longo desses 25 anos passei por muitos momentos de alegrias, conquistas, realizações, mas também por dificuldades entre elas com a saúde frágil a qual me deixou bastante debilitada para desenvolver meu trabalho e missão. Também tive a perda de meus pais num intervalo de 13 dias. Depois perdemos um irmão após 4 meses do falecimento de meus pais e depois de 3 anos mais um irmão faleceu com câncer. Para mim e minha família foi muito difícil lidar com essa situação, pois nunca tínhamos perdido alguém próximo e de repente fomos pegos de surpresa com a partida de quatro membros. Mas Deus não abandona seus eleitos. Ele escolheu, Ele capacita para sermos seus filhos e filhas muito amados. Não temos duvidas, como família, que Deus nos ampara cada dia e nos fortalece na fé para prosseguirmos em nossa missão.

Por isso, só tenho a agradecer as muitas vivências, as bênçãos e graças recebidas das mãos da Divina Providência. Minha gratidão a Deus que me possibilitou realizar esta caminhada estando sob sua proteção. Minha gratidão a todos aqueles que me acompanharam até aqui: Em especial as Irmãs da Divina Providência, meus pais em memória, minha família, as comunidades religiosas por onde passei e realizei a missão que Deus me confia. Minhas orações e muito obrigada!

Queridas vocacionadas, cultivemos sempre em nossas vidas a fé inabalável, a confiança ilimitada e o abandono filial nas mãos da Divina Providencia, testemunhando a esperança cristã e o amor de Deus, em especial aos mais pobres. Você que já sentiu ou sente em seu coração algo diferente? Fique atenta, pois pode ser Deus lhe chamando! Não tenha medo de dizer sim, pois quando Deus chama, Ele nos dá as condições necessárias para vivermos e concretizarmos esse chamado, mesmo que nas dificuldades. Pois é nas dificuldades que nos tornamos fortes. Deus nos convida a sermos Sinais da Divina Providencia, lá onde estamos atuando a cada dia, em especial no caminho das pequenas coisas. Que a Divina Providencia nos abençoe e nos guarde, nos mostre a sua face e tenha misericórdia de nós. Volva para nós seu olhar e nos dê a paz.

Irmã Eliete Maria Kons

 

  

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