A Família de Eduardo Michelis

ago 19, 2019

O espaço de vida familiar de Eduardo constitui um ambiente favorável para crescer como pessoa situada na sua realidade, no tempo: meio familiar simples onde vigora o respeito mútuo, onde se partilha os fatos e acontecimentos, onde, economicamente, se luta pela vida, sobretudo, onde os valores cristãos são norteadores, permitindo a liberdade religiosa na vivência da fé.

 

“Em sua família, no meio rural, próximo da cidade, Eduardo cresceu em meio aos sete irmãos e irmãs, num ambiente marcado pelo espírito do dever, pela cultura e arte, pela religiosidade de duas confissões cristãs: a católica do pai e dos cinco filhos, e evangélica luterana, da mãe e das três filhas”. Eduardo aprendeu a viver e conviver ecumenicamente, desde a mais tenra idade, na própria família.

Esta experiência familiar não privou Eduardo das dúvidas e crises religiosas normais de sua infância. Mais tarde, fazendo sua prece a Deus, ele se expressa assim no seu Diário: “Como criança, encontrei-me em perigo de ficar longe de Tua Igreja, isto é, longe de Ti. Mas, delicada e suavemente, Tu me conduziste e me firmaste na fé, deste-me Tua paz e me fizeste saborear o Teu amor”.

Eduardo desenvolveu sua religiosidade ao natural ainda criança e na adolescência. Deus agia em sua alma de forma admirável. Era a Providência que o conduzia por um caminho que se foi revelando sempre mais.  Eduardo manifesta em seu ser e atitudes muito amor e grande intimidade para com Deus e Maria, sua Mãe. Quantas vezes, só Deus o sabe, Eduardo dava uma escapada para a Igreja São Lamberto, no centro de Münster, seja no seu caminho de volta da Escola ou em horas de lazer, onde se ajoelhava compenetrado diante do Sacrário e, junto à Imagem de Nossa Senhora, acendia uma vela e fazia a sua prece filial!

“De seu pai Eduardo herdou grande talento para as artes e as ciências; da mãe, o pendor poético e a nobreza de sentimentos.” Com especial interesse escutava as narrações do pai sobre grandes personalidades e fatos da História que calavam fundo na sua alma infantil. “Os livros de História da biblioteca de seu pai eram fonte de conhecimento e entusiasmo”. Eduardo, no meio familiar, vivia uma liberdade responsável, colocando sólidas bases em sua personalidade.

Sua visão de mundo, sentindo-se solidário e, ao mesmo tempo, comprometido com a Igreja – Povo de Deus, Eduardo  o expressa, por exemplo, no fato de com treze anos de idade sentar-se e escrever uma carta para o Governador, intercedendo pela liberdade da Igreja.

A morte prematura de seu pai, em maio de 1835, deixou a mãe com os seus filhos, em parte ainda menores, numa situação econômica muito difícil.  Era, no entanto, mulher forte com grande coração. Manteve-se serena na luta pela vida dos filhos, em meio a toda uma insegurança.