Todos os dias, fazemos mil coisas, vivemos várias situações e conversamos com muita gente. Mas, às vezes, nem nos damos conta de que uma ação nossa, um gesto de generosidade, de solidariedade, é um sinal da Providência. Fomos uma mão amiga na vida de alguém e nem percebemos. Assim como alguém pode ter sido um sinal da Providência nas nossas vidas e, também passou batido!
Por isso, queremos que você pense nas suas atitudes e compartilhe conosco sua experiência, seu cotidiano. Conte-nos que sinal da Providência você foi para alguém hoje? Ou se alguém foi um sinal de Deus Providência no seu dia. Relate em, no máximo, três parágrafos a sua vivência! Ao final desta página, você faz o envio da história do seu diário. Queremos muito conhecê-la!
EDUARDO MICHELIS e SEU DIÁRIO
Eduardo Michelis, na sua juventude entre os seus 24 a 28 anos de idade, presidiário, então, por três anos e meio e isolado do convívio social, encontrou no seu Diário um meio valioso de se comunicar consigo mesmo e com seu Deus. Quem não conhecesse Eduardo e lesse apenas o seu Diário, meditando-o, poderia concluir que ele era pessoa autêntica consigo, reconhecendo suas fragilidades e seus dons e de profundo cultivo de sua fé. O Diário expressa que ele se comunicava com Deus com plena confiança e numa intimidade profunda, refletindo a Palavra de Deus. Seu Diário era o seu confidente. Não havendo com quem se encontrar e conversar, fazia o registro diário do que se passava no seu íntimo. Pode-se afirmar que o momento do “Diário” era o momento do encontro consigo e com Deus.
O “Diário” significou para Eduardo também um meio de autoconhecimento e de cultivo; refletia o seu ser, existir e seu sentir… O registro revela uma autopercepção grande, magnífica. Lemos, no Diário do dia 30/01/1838: “Cristo é a luz que brilha nas trevas, sem Ele não há luz. Ele curou a muitos fisicamente cegos e lhes restituiu a luz. Sem Cristo, todos seríamos cegos de espírito. Quanto mais cegos, isto é, quanto mais as pessoas julgam enxergar, mais cegas são, e por isso mesmo, nem pensam em pedir a cura da cegueira. Jesus, tira de mim toda cegueira, a fim de que eu te conheça e, à tua luz, eu conheça a mim mesmo e ao mundo que me rodeia. Sê Tu a minha luz, a minha sabedoria!” Em outro registro, do dia 03/03/1838, ele deixa claro que reconhece o seu ser egoísta quando, em meio à oração, se pergunta: “Não é verdade que todo descontentamento nosso ofende a Deus? Que egoísmo é este: alegrar-me somente com o que me é agradável e não aceitar o desagradável? Ambas as coisas não vêm da mesma mão?”
O “Diário” para Eduardo era um amigo fiel presente, que acolhe e escuta, representava, quiçá, também sua família, a Comunidade Igreja, por quem lutava e sofria e com quem, em espírito, celebrava. É o que revela a celebração de seu Aniversário: “Hoje completo 25 anos de idade. Nunca passei um aniversário em tamanha solidão, mas também, nunca tão bem-disposto. Eu tinha feito o propósito de festejar bem o meu dia, evitando cuidadosamente tudo o que pudesse desagradar a Deus. Tomara que assim tenha sido! Olhando para minha vida, encontro tantos benefícios de Deus que nem consigo expressar o meu agradecimento…. A ti, Jesus, hei de louvar eternamente e sempre serei grato, porque te revelaste a mim, porque posso amar e me aceitas no meu serviço! Faze com que, depois de tantas dádivas, eu não permaneça infrutífero! Louvado seja, Cristo Jesus!” (06/02/1838). Resumindo, poder-se-ia dizer que o Diário se tornou para Eduardo um instrumento de cultivo da formação humana e espiritual.