“O Senhor me ama, protege, sustenta e conduz. Estou segura em suas mãos” (cf. Jr 1,1-7; Sl 36,7; Jn 10, 27; 2Ts 3,3)
Olá, sou Raquel Romero Gill, sou paraguaia, venho de uma família humilde e simples, filha de Félix e Elida, sou a mais velha de cinco irmãos; uma mulher e quatro homens. Vou compartilhar com vocês, de forma simples, meu chamado vocacional.
Meu chamado vocacional é marcado por vários acontecimentos, nos quais, o que ensinaram na infância, tem muito a ver com isso. Como a minha comunidade era pequena e longe da Paróquia, tínhamos um oratório/capela na Comunidade. Sempre gostei de participar muito e com muita alegria das missas, pois eram pouquíssimas as vezes que tínhamos essa graça.
Com meus pais, aprendi valores evangélicos. Com meu avô aprendi a amar e a ter devoção à Virgen de Caacupé, a quem todos chamamos carinhosamente de Virgencinha India de Caacupé. Depois, fui criando meus sonhos, como toda menina criada na minha terra, naquela época terminando o Ensino Médio, me preparei para cursar a faculdade e para o matrimônio.
O tempo foi passando, o estudo, os contratempos da juventude e o namoro, foram distanciando-me pouco a pouco da Igreja e de Deus. As pessoas diziam que casar-se e estudar era a realização de uma mulher, mas não me sentia completa, sentia que algo faltava para me sentir realizada.
Voltei para casa e tive que deixar a faculdade de Medicina, foi muito dolorido para mim, mas procurando um pouco de luz, fui me aproximando da Igreja novamente. Ajudando na capela da minha comunidade, participei de retiros, percorria 30 quilômetros para participar da Missa uma vez por semana, participei de círculos de orações, comecei a estudar Pedagogia, e tudo era lindo, mas ainda faltava algo que eu não sabia explicar. Cada encontro, em cada reflexão, cada convite de servir a Jesus e aos outros parecia ser dirigido a mim, e foi então que comecei a me dedicar mais à Igreja, como catequista, daí passei a acompanhar de perto tudo o que se relacionava com a Paróquia.
A inquietação ficou mais forte, quando em um retiro, uma Religiosa de uma Congregação da Argentina, respondendo perguntas de vários jovens, fixou seu olhar nos meus olhos e disse; “Você tem muito amor para compartilhar, compartilha-o”. Depois de um tempo comecei a pesquisar sobre as Congregações. Em uma maratona, organizada em minha Paróquia, que pedi orientação para um Padre. No dia da sua Ordenação, ele me apresentou às Irmãs da Divina Providência, com as quais me encantei pelo carisma e pelo jeito como eram, pela simplicidade, pela alegria, pela confiança, e como elevavam a sua voz para denunciar a injustiça e anunciar a Boa Nova. Isso me deixava cativada, porém, vieram as perguntas: será que vou conseguir deixar minha família e minha terra? Uma parte de mim fugia, mas Deus sempre me aproximava de novo. Em 2017, falei com às Irmãs que queria dar mais um passo. Quando estava preparando meus pais para comunicar-lhes sobre a minha opção, minha mãe teve um pré-infarto e demorou uns quinze dias para se recuperar. Nesse momento, meu pai piorou de saúde, ficou um ano acamado, e a possibilidade de ir com as Irmãs teve que esperar. Em 2018, meu pai começou a melhorar. Da cadeira de rodas, passou a usar andador, depois, passou a usar bengala e isso me deu coragem novamente. Durante todo esse tempo as Irmãs estiveram presentes.
Tive uma oferta de trabalho para lecionar em uma escola e tinha que dar uma resposta no final de janeiro de 2019. Isso me deixou dividida. Foi numa noite em que meu irmão mais novo estava muito mal, entre orar, silenciar e refletir sobre isso, pedi para ir morar com as Irmãs para dar mais um passo. E em fevereiro do mesmo ano, cheguei à casa das Irmãs da Divina Providência.
Morando com as Irmãs, tive a graça de poder trabalhar e aprender de perto o que é ser Irmã, com a orientação da Irmã Bartola. Trabalhamos com jovens, com os povos nativos e na luta pela justiça junto aos mais oprimidos. Mesmo com as dificuldades, sinti-me realizada. Em outubro do mesmo ano, deixei meu País para discernir melhor minha vocação e dei o próximo passo para conhecer e me aproximar cada dia mais daquele que me viu quando ninguém via.
No dia 15 de fevereiro, cheguei a Porto Alegre/RS. Não foi fácil deixar minha família, meu País, minha língua, meus costumes e amigos. Não poderia sozinha, mas, sabendo e sentindo que Deus nos ama, nos conduz, nos forma como um vaso nas mãos do oleiro.
As Irmãs da Divina Providência são Sinais da Providência. Dão-me coragem para dizer: “Aqui estou Senhor, com grande amor abandonando-me em suas mãos”. Que a tua Providência conduza a minha vida nos Teus caminhos. Abro meu coração para que Deus possa me inundar da Sua luz, e que minha vida cotidiana possa ser um sinal de Deus para os tristes e oprimidos. “Quando os anos passarem, meus passos não avanzarem, em Tuas mãos me refugio para contigo caminhar”.
O chamado de Deus é um chamado de amor! Ele está chamando você! Não tenha medo. Com Sua Providência, Ele te guiará e cuidará de você e te encherá de felicidade. Você não estará só, Ele está sempre de mãos abertas para nos receber .
Com abraço fraterno. Raquel Romero Gill.
Aspirante das Irmãs da Divina Providência.